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Fórmula 1

E assim foi criado o drone mais rápido do mundo

Desafio fácil: fazer curvas, não explodir a bateria e perseguir Max Verstappen
Escrito por Tom Ward, com adaptação de Mariana Lajolo
5 min de leituraPublicado em
Há uma década, Ralph Hogenbirk — que você pode chamar de Shaggy — entrou no mundo dos drones. No começo, era só um hobby de um cara de 25 anos. Mas, com a tecnologia dos drones decolando, o envolvimento dele também aumentou. Shaggy já participou de corridas como a Drone Racing League e de filmagens como a do Red Bull Valparaíso Cerro Abajo, em 2020. Agora, está envolvido numa revolução no mundo dos drones.
Ao lado da equipe holandesa Drone Gods, ele se superou com a construção de um drone FPV (visão em primeira pessoa) personalizado, que consegue acompanhar o ritmo do novo carro da Red Bull Racing, o RB20. O drone mostrou toda sua velocidade perseguindo Max Verstappen em uma volta completa no circuito de Silverstone, 130 km ao norte de Londres.
Red Bull Drone 1 passa por pit stop antes da corrida

Red Bull Drone 1 antes da corrida

© Joerg Mitter/Limex Images

Os desafios pra construção desse drone foram monumentais. A equipe teve que garantir que ele pudesse competir com um carro de F1 nas curvas, embalar uma bateria capaz de voar por um circuito de 5,8 km, além de garantir que ele pudesse lidar com a energia sem pegar fogo ou explodir. Os projetistas também tiveram que aprender a pilotar um drone completamente novo e acompanhar o ritmo de um tricampeão mundial de Fórmula 1. Abaixo, Hogenbirk explica um pouco do processo.

Como surgiu esse projeto?

Começou há cerca de um ano, quando a Red Bull entrou em contato comigo dizendo: "Ei, temos essa ideia...". Eles já vinham pensando nisso há algum tempo, a ideia de ter um drone que pudesse seguir um carro de F1 durante uma volta inteira. A velocidade nunca foi o problema, existem drones que podem acompanhar o carro na reta, mas as curvas eram um problema.

Ralph Hogenbirk pilotando o drone

Ralph Hogenbirk pilotando o drone

© Joerg Mitter/Limex Images

Quais foram as primeiras coisas que você discutiu com a sua equipe?

A gente conhecia algumas tentativas de construir drones velozes que atingiram cerca de 370 km/h, mas todos eram foguetes muito finos e só foram feitos para serem velozes uma vez. Eles eram superleves, com baterias pequenas e sem equipamento de gravação. Isso não funcionaria. Então, a gente sabia que era possível ser veloz, faltava colocar equipamento de filmagem e também conseguir fazer curvas. A pergunta era: "Como controlaríamos algo assim no ar?

Como os projetos de drones anteriores influenciaram este?

Nosso pensamento inicial foi que a aerodinâmica é o maior fator nesse caso, não necessariamente o peso. Se a gente pudesse criar algo super aerodinâmico e supereficiente, também podia fazer com que as baterias durassem mais. A segunda tática foi não buscar a velocidade máxima, mas focar na resistência. Da bateria aos motores e às hélices, a gente queria que tudo operasse um pouco abaixo do limite para que fosse muito eficiente e não sobrecarregasse o drone.

O drone mantém o ritmo durante uma volta inteira - uma estreia não só na tecnologia de drones, mas também na história da F1.

O Red Bull Drone 1 acompanha o ritmo do RB20

© Joerg Mitter/Limex Images

Teve sugestão de design dos carros de F1 da Red Bull Racing?

Não, eles se comportam de maneira muito diferente. Talvez haja alguns aspectos gerais de aerodinâmica, como o design ou a forma, mas é uma máquina tão específica que não há muito que se aplique a um carro de F1.

Quanto do hardware é novo e quanto foi adaptado?

Os componentes eletrônicos e os motores são bastante padronizados e prontos para uso, mas conversamos com os fornecedores pedindo o hardware mais recente e inédito. Por exemplo, precisávamos de algo que pudesse suportar mais RPM (rotações por minuto) para o motor. Era razoavelmente pronto para usar, talvez com algumas peças inéditas, mas toda a estrutura externa do drone foi projetada desde o início por nós. Fizemos muitas impressões em 3D, tanto para a criação de protótipos quanto para o produto final. E também fizemos algumas peças de carbono CNC.

Ralph Hogenbirk, o drone e Max Verstappen

Ralph Hogenbirk, o drone e Max Verstappen

© Joerg Mitter/Limex Images

Você pode compartilhar algumas estatísticas que mostrem o quanto esse drone é incrível?

Sim! A velocidade máxima é de 350 km/h, uma aceleração de 100 a 300 km/h em apenas dois segundos [a maioria dos carros de F1 acelera de 0 a 100 km/h em aproximadamente 2s6]. Isso gera 6G na carga máxima, com uma média de 2 a 3G atuando sobre a carroceria de carbono, fibra de vidro e polímero 3D. Obviamente, o peso era importante e conseguimos reduzir o peso para menos de 1 kg. Eu gostaria de obter os recursos de câmera para poder transmitir ao vivo, mas ele ainda funciona bem com uma câmera de 4k60fps / 5k30fps com cores de 10 bits

O que você diria para as pessoas que se inspiram no que você fez?

Tentem pensar fora da caixa. Há muitas coisas na comunidade FPV que são tidas como certas. Todos os pilotos de FPV voam com hélices de três pás, por exemplo. Mas ninguém está realmente questionando se essa é a melhor solução. Mas, se você realmente pensar no motivo pelo qual algo é usado, nas maneiras como é usado, há muitas coisas no cenário dos drones para as quais você pode ter uma resposta científica e calculista. Beleza, qual é de fato a melhor solução? E então você começa a testar. Você não deve presumir que já fazemos isso há muito tempo e que já foi comprovado que está certo, então é assim que deve ser.

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Parte desta história

Max Verstappen

Tricampeão mundial de Fórmula 1

HolandaHolanda
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