Gerrard comemora gol na final da Liga dos Campeões
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Futebol

10 viradas que nem o torcedor mais otimista poderia esperar

Relembramos alguns jogos que reforçam a ideia de que o futebol é uma eterna caixinha de surpresas
Escrito por Ricardo Gomes
6 min de leituraPublicado em
O jogo só acaba quando termina, diria o outro. É tão óbvio quanto verdadeiro. No futebol, qualquer segundo de distração pode custar uma vitória.
Seguindo a linha de que "2 x 0 é um placar perigoso", rememoramos dez jogos que pareciam pender para um time, mas que sofreram reviravoltas improváveis.

Brasil x Uruguai, final da Copa de 1950

Disparada a "remontada" mais famosa da história do futebol. Jogando em casa, o Brasil precisava de um simples empate para se sagrar campeão mundial pela primeira vez. Friaça levou os quase 174 mil presentes no Maracanã à loucura ao abrir o placar aos 2 minutos do segundo tempo. Tudo em paz. Só esqueceram de combinar com os uruguaios. Aos 21 minutos, Schiaffino empatou. O silêncio no estádio acordou o Uruguai, que virou o placar a 11 minutos do apito final, com Ghiggia. Derrota tão marcante que ganhou até alcunha: "Maracanaço".

Alemanha Ocidental x Hungria, final da Copa de 1954

Quanto anos depois do "Maracanaço", outra virada sensacional em outra final de Copa. A grande diferença é que desta vez o dono da casa saiu com a taça. Melhor time da Copa de 1954, a Hungria fez 2 x 0 em oito minutos de jogo. Também num intervalo de oito minutos, dos 10 aos 18, a Alemanha Ocidental deu o troco, igualando a partida. A chuva torrencial que caia em Berna anulou o envolvente toque de bola húngaro, e isso de certa forma ajudou os alemães, que na base da força chegaram ao terceiro e definitivo gol, aos 39 da etapa final, com Rahn. A saga dessa partida inspirou até um filme, o "Milagre de Berna", lançado em 2003.

Liverpool x Milan, final da Liga dos Campeões 2004/2005

Uma final sem precedentes na Liga dos Campeões. Em Istambul, o Milan fechou o primeiro tempo de jogo dando um show de bola no Liverpool e vencendo por categóricos 3 x 0. A larga vantagem no placar, porém, serviu mais de combustível para os ingleses que para os italianos. Com o "freio de mão puxado", o Milan foi presa fácil no segundo tempo. Em seis minutos, Gerrard, Smicer e Xabi Alonso construíram o improvável 3 x 3. Nos pênaltis, Serginho, Pirlo e Shevchenko perderam suas cobranças, Dudek brilhou e o Liverpool levou a melhor por 3 x 2.

Liverpool x Alavés, final da Copa da UEFA 2000/2001

Olha o Liverpool dando o ar da graça novamente! Em 2001, os "Reds" tiveram pela frente o modesto Alavés, da Espanha, na decisão da extinta Copa da Uefa. E, apesar da grande distância entre os pesos das duas camisas, o que se viu em campo foi um equilíbrio de forças. Os ingleses chegaram a abrir 3 x 1, mas o Alavés buscou e o tempo regulamentar acabou em incríveis 4 x 4. Na prorrogação, um gol contra de Geli deu o título ao Liverpool.

Barcelona x Atlético de Madrid, Copa do Rei 1996/1997

Depois de empatarem por 2 x 2 na partida de ida das quartas de final da Copa do Rei em Madri, Barcelona e Atlético decidiram um lugar entre os semifinalistas no Camp Nou. Os "colchoneros" abriram 3 x 0, mas Ronaldo, com três gols, Figo e Pizzi definiram o 5 x 4 para o Barcelona.

Manchester United x Bayern de Munique, final da Liga dos Campeões 1998/1999

Quer saber como resolver um jogo de título nos acréscimos? O Manchester United te ensina. Na decisão da Champions de 1998/1999, o United era o franco favorito, mas quem saiu na frente foi o Bayern, logo aos 6 minutos, em cobrança de falta de Basler. A pressão dos "Red Devils" era intensa, mas o gol não saia. Só aos 46 da etapa final, na base do "chuveirinho", veio o empate, com Sheringham. Desolação total para os alemães. Mas o pior estava por vir. Aos 48, mais uma bola alçada na área, desta vez para Solskjaer completar para o fundo das redes e virar o marcador.

Palmeiras x Vasco da Gama, final da Mercosul de 2000

Roteiro parecido com o Liverpool x Milan de 2005. Jogando no antigo Palestra Itália, o Palmeiras largou com 3 x 0 na primeira etapa. Enquanto a torcida alviverde já gritava "É campeão!", o Vasco diminuiu com Romário, aos 14 do segundo tempo. Dez minutos mais tarde, novo pênalti e nova cobrança perfeita de Romário. O cenário já era completamente outro. Juninho Paulista decretou o empate e, nos acréscimos, Romário, sempre ele, aproveitou confusão na área para garantir o caneco ao Vasco de forma antológica.

Real Madrid x Atlético de Madrid, final da Liga dos Campeões 2013/2014

A primeira final de Liga dos Campeões entre times da mesma cidade não poderia ter sido mais emocionante. Inferior tecnicamente, o Atlético apostava na força de sua jogada aérea. E o gol "colchonero" caiu do céu dessa maneira, com Godín, aproveitando saída desastrada de Casillas. O Real "martelou" tanto que foi brindado aos 49 do segundo tempo, no último lance do jogo, em cabeçada de Sergio Ramos. Na prorrogação, a diferença anímica entre as duas equipes era abissal. O Real "engoliu" o Atlético e fez mais três gols, com Bale, Marcelo e Cristiano Ronaldo. A tão sonhada "Décima" estava garantida.

Brasil x Nigéria, Olimpíadas de 1996

"Kanu é perigoooso", disse Galvão Bueno naquele 3 de julho de 1996. Com Ronaldo, Rivaldo, Bebeto, Roberto Carlos e Juninho Paulista, o Brasil sobrava diante da Nigéria nas semifinais dos Jogos de Atlanta. O placar de 3 x 1 ainda no primeiro tempo justificava a superioridade do time comandado por Zagallo. Mas um certo Kanu, então desconhecido de grande parte do público brasileiro, iniciou a reação nigeriana. Foi dele o gol de empate em 3 x 3 e o gol de ouro na prorrogação. A Nigéria acabaria campeã olímpica e o Brasil ficaria com o bronze.

Islândia x Inglaterra, Eurocopa 2016

Esse foi o jogo que colocou definitivamente a Islândia entre as grandes surpresas do futebol mundial das últimas décadas. Sem nunca ter feito uma campanha de destaque em competições oficiais, os islandeses caminharam até as oitavas de sua primeira Euro, em 2016, e mediram forças com a poderosa Inglaterra. Missão mais do que cumprida para os nórdicos, certo? Não. A Inglaterra saiu na frente, com Rooney, mas em dez minutos a Islândia virou o placar e levou a inédita vaga nas quartas.