Bike
A francesa Pauline Ferrand-Prévot tem uma carreira tão vitoriosa quanto tumultuada. É a única ciclista da história que venceu os campeonatos mundiais de estrada, ciclocross e mountain bike em um período de 12 meses. Ainda muito jovem, se estabeleceu como uma atleta versátil. Os anos seguintes, porém, foram dramáticos.
Em 2019, dores crônicas nas pernas revelaram que Pauline tinha endofibrose da artéria ilíaca, doença vascular que atinge as pernas e ameaçou comprometer a carreira. No entanto, apesar de passar por duas cirurgias, a francesa conquistou vitórias duas em etapas da Copas do Mundo de Mountain Bike e duas medalhas no Mundial de MTB.
Vencer não é fácil, você tem muito mais dias ruins do que bons, mas precisa seguir tentando
Como ela deu a volta por cima? Bem, vamos deixar que a Pauline mesmo conte. Afinal, está claro que ela sabe como manter foco e se adaptar a situações complicadas.
Seja paciente e mantenha os objetivos em mente
Após passar por nova cirurgia em janeiro de 2020, não está sendo fácil para Pauline ficar fora da bicicleta. Para manter o foco, ela explica que é preciso fazer um plano e executá-lo com paciência. "Se recuperar de uma lesão é como competir: você mantém seu objetivo em mente e trabalha para ele", diz a francesa, que disputou dois Jogos Olímpicos e teve como melhor resultado um décimo lugar em Tóquio.
"Quando a cirurgia foi marcada, sabia que estaria fora da bike por algum tempo. Quando descobrimos que a endofibrose havia retornado, conversei com meu cirurgião e decidimos como lidaríamos. Isso tornou as coisas mais claras e eu poderia planejar a recuperação. O mais difícil é que eu sabia o que estava na minha frente e teria que ser paciente."
De volta à bike
Tendo experimentado uma rodada de cirurgia, Pauline sabia o que poderia esperar de si mesma durante o período de recuperação.
“Desta vez eu estava com uma forma física melhor, então voltei muito mais rápido. Eu me senti bem e rapidamente atingi o mesmo nível de condicionamento final da temporada de 2019, apenas dois meses após a cirurgia. Eu sabia que estaria pronta para Tóquio, o meu principal objetivo.”
Um dia de cada vez
Naturalmente, uma cirurgia afeta a programação de treinos de qualquer atleta. Para o amador, isso pode ser frustrante. Mas, para o profissional, garantir que se recupere corretamente é absolutamente vital. Nas quatro semanas em que ficou longe do ciclismo, Pauline sabia que era essencial não correr antes que pudesse andar. Aceitar isso a impediu de forçar o corpo antes da hora e causar mais danos.
"Sabia que tinha tempo para me recuperar, então vivi um dia após o outro, concentrando-me em cada passo e como estava me sentindo ao longo do caminho.”
Espere o inesperado
Na etapa italiana da Copa do Mundo de MTB, Pauline liderava a corrida quando Jolanda Neff apareceu atrás de sua roda na última volta, resultando em um sprint final acirrado. Abraçar o elemento surpresa, é vital para qualquer atleta competitivo. Sim, a francesa venceu.
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"Eu sei que tudo pode acontecer até a linha de chegada. É por isso que nunca subestimo minhas rivais. A única coisa que posso controlar é o que eu faço na minha bicicleta; como pedalo e como me concentro para dar o meu melhor. Há uma citação do imperador romano Marco Aurélio que diz assim: ‘Posso ter forças para aceitar o que não poderia ser mudado. Posso ter a coragem de mudar o que poderia ser mudado. E que eu tenha a sabedoria de distinguir um do outro'. Essa é a minha ferramenta para lidar com a surpresa."
Use contratempos como combustível
Um dos principais riscos para os ciclistas de MTB é sofrer uma queda. Pauline caiu logo no início do Campeonato Mundial de 2019, em Mont Sainte-Anne. Comeu terra, levantou e foi atrás do ouro. A chave do sucesso é usar tudo ao seu alcance como motivação.
“Essa corrida foi o espelho exato do meu ano inteiro: um começo difícil e um fim brilhante. Quando eu cai, subi de volta na bike pensando o que poderia fazer com isso. Assim, como na minha cirurgia, eu aceitei que tinha que ser paciente, para ultrapassar as ciclistas uma a uma. E, como tínhamos conquistado medalha na prova de revezamento por equipe, eu sabia que era forte, então dei tudo o que tinha.”
Conheça a si mesmo
A conquista do seu segundo título mundial de cross country (XCO) mostrou a Pauline o quanto ela estava determinada no seu retorno ao esporte.
"A sensação de cruzar a linha de chegada como a nova campeã mundial de XCO foi incrível. Foi uma espécie de vingança para todos os momentos difíceis que tive. Quando você vive esses momentos, encontra profundamente em você os recursos necessários para alcançar seu objetivo”.
Aprecie o agora
Algo que você talvez não saiba sobre Pauline é que ela tem uma tatuagem atrás do pescoço que diz "A vida é uma piada". A história da tattoo impulsionou sua carreira nos últimos anos.
Você apenas tem que apreciar os momentos que está vivendo. Tente ficar presente.
"É um tipo de mantra que fiz no fim de 2018," afirma Pauline, que depois dos três títulos mundiais em 2015 não terminou a prova na Rio 2016. "A tatuagem é uma maneira de lembrar que você não deve se levar muito a sério, porque a vida pode brincar com você da maneira mais inesperada."
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