Maia: 'Meu sonho é ver mais igualdade no breaking'
+ Reveja abaixo a Final Nacional do Red Bull BC One Brazil 2024.
Maia representou o Brasil na Final Mundial do Red Bull BC One 2023 em Paris
© Thinh Souvannarath/Red Bull Content Pool
Como você entrou no breaking e o que mudou depois disso?
O breaking já estava presente na vida de alguns amigos meus e em alguns espaços que eu frequentava, mas acho que me encantei mesmo depois de assistir a uma batalha na minha cidade, quando vi pela primeira vez uma dupla de B-Girls muito boas batalhando de igual pra igual com os B-Boys. Pouco tempo depois conheci o B-Boy Katatal, que foi quem realmente me ajudou a aprender nesse início.
Quais dificuldades você enfrentou pra ser B-Girl profissional?
Acho que a maior delas é se manter dançando, sem estrutura, com poucas oportunidades de trabalho, poucas perspectivas e, principalmente, poucas mulheres na cena, porque um espaço majoritariamente dominado por homens é muitas vezes um espaço superdesconfortável.
E quais foram suas maiores conquistas?
A possibilidade de viajar pra fora do meu estado e do meu país, conhecer culturas diferentes, me conhecer, ser reconhecida pela minha dança, compartilhar com mestres e mestras da cultura e poder inspirar outras mulheres. Também pude construir o meu próprio espaço de treino e fazer parte da primeira seleção de breaking do Brasil.
Como é a sua rotina hoje e como a dança se encaixa nela?
A dança faz parte 24 horas da minha vida, porque eu acredito que tudo que eu danço é tudo o que eu sou. Assim, tudo pode ser inspiração e tudo pode virar dança. Nos últimos meses tenho conseguido me dedicar mais ao breaking. Eu e meu companheiro Allef construímos juntos um espaço de treino em frente de casa, a céu aberto, e ali treinamos quase todos os dias. Além disso, quatro vezes na semana faço um fortalecimento pro corpo.
Qual foi um episódio com as batalhas que marcou a sua vida?
O camarim das B-Girls no Red Bull BC One Brazil me marcou. Faz uma enorme diferença em como tudo vai acontecer, a maneira com que as B-Girls se fortalecem ali antes de entrarem no palco é algo que me marcou pra vida. Ali estamos compartilhando um momento único para todas nós, afinal a categoria B-Girl é nova e uma conquista pra cena do mundo todo. Então o fato de estarmos juntas ali é algo que só nós sentimos e entendemos.
O que mudou na sua vida depois de vencer seu primeiro Red Bull BC One?
Acho que uma das grandes mudanças na minha vida depois de vencer o meu primeiro Red Bull BC One foi conquistar o reconhecimento e respeito da cena nacional, pois esse evento é o maior que temos no Brasil e o nível é sempre muito alto. Além disso pela visibilidade que teve o evento pude ganhar ainda o respeito de pessoas que estão fora da cena do breaking, e até mesmo de pessoas próximas como os meus familiares, amigos e vizinhos.
B-Girl Maia em acão durante a Final Nacional do Red Bull BC One Brazil 2024
© Fabio Piva / Red Bull Content Pool
Como você avalia a cena breaking brasileira hoje?
Está com muita força no Brasil e acredito que o fato de o breaking ser agora uma modalidade olímpica tem dado uma visibilidade ao movimento muito importante.
Quais são seus maiores sonhos?
Quero ganhar mais experiência, principalmente no cenário internacional, e conseguir trabalhar mais com o breaking, como competidora e artista. Acho que meu maior sonho é viver o momento em que o breaking será um movimento mais igualitário e colorido, onde B-Boys e B-Girls existam numa mesma quantidade, recebendo a mesma premiação e em que pessoas LGBTQIAPN+ da nossa cultura possam estar seguras pra assumir sua sexualidade sem nenhum problema.
Quais são seus planos para o futuro?
Meus planos para o futuro são muitos, mas principalmente, poder dar uma melhor qualidade de vida pra mim e pra minha família através do meu trabalho, inspirar pessoas do mundo todo, fazer o cenário feminino de breaking crescer muito e ter saúde para dançar pra sempre.