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Afinal, o que deu de tão errado em Star Fox Zero?
A reimaginação do clássico do Nintendo 64 tem uma série de problemas
Houston, nós temos um problema. E dos grandes. Star Fox Zero foi lançado recentemente pra Wii U e não é nem de longe aquilo que queríamos. Ainda estou tentando entender como isso é possível. Não tinha muito como esse jogo dar errado, simplesmente porque:
1. Ele é uma reimaginação do clássico Star Fox 64, um dos melhores jogos daquela geração;
2. Foi desenvolvido pelo pessoal muito foda da Platinum Games (de Bayonetta);
3. O desenvolvimento foi acompanhado de perto por ninguém menos que Shigeru Miyamoto.
Sério, como imaginar que dessa fórmula mágica poderia sair um jogo tão ruim? Infelizmente é isso que Star Fox Zero acabou sendo e os seus defeitos são bem problemáticos.
Uma questão de controle
O que mais assusta em Star Fox Zero são os controles. Não deveria ser tão complicado e chato assim pilotar uma nave no espaço virtual. O uso do GamePad do Wii U é bisonho, pra dizer o mínimo, com uma visão de cockpit limitada e nem um pouco usual. Sem falar nos sensores de movimento, que fazem mirar e atirar serem tarefas mais difíceis do que deveriam.
Não há opção pra modificar os controles. Não há opções pra desabilitar totalmente os sensores de movimento do GamePad (só parcialmente) e, o pior de tudo, toda a jogabilidade do game foi feita em volta do dessa característica. Isso significa que a todo momento algum personagem – normalmente o maldito do Peppy – berre que é preciso usar o recurso pra alcançar um objetivo mais específico.
E olha que eu nem falei como é um sacrifício usar os controles nas batalhas de chefe, com aqueles famigerados pontos fracos deles. Vai lá tentar acertar esses alvos de boa com os controles desse jeito. Fica mais difícil do que Dark Souls, só que pelos motivos errados.
Mudar pra pior
Star Fox Zero não é um remake cuspido e escarrado de Star Fox 64. Pelo visto, a ideia era reimaginar momentos e chefes do original, ao mesmo tempo em que criaram algumas fases novas, principalmente pra servir de desculpa pra usarem os veículos adicionais e as naves inéditas.
Só que o jogo falha em dar uma nova roupagem minimamente interessante pra algo já com quase 20 anosde idade. A estrutura do original, com segredos e rotas alternativas, continua intacta, só que nada é tão memorável como antes. Quando o jogo tenta alguma coisa mais original, acaba caindo no erro dos péssimos jogos da série na época do GameCube.
Tem uma missão stealth em que Fox usa um tipo de helicóptero modernoso e precisa não ser visto por holofotes. Se você já acha estranho uma fase de infiltração silenciosa com uma nave, fique sabendo que os controles ruins só pioram a experiência. Já a Asteroid Field, por exemplo, uma fase icônica de Star Fox 64, se transformou em uma mísera missão para proteger a nave-mãe do grupo, a Great Fox, dos asteroides e de alguns inimigos que ficam causando dano à nave.
Agora, pensa comigo: já imaginou uma fase de flashback com o pai do Fox? Ou que tal uma homenagem aos shoot’em up com uma fase com visão 2D? Já sei, que tal poder explorar a Great Fox e ter vários easter eggs pros fãs antigos? Nada disso. A inspiração passou bem longe das novas fases desse jogo.
No final das contas, Star Fox Zero tem cara de ser um mero jogo comemorativo vendido somente digitalmente através da eShop da Nintendo, e não um jogo de grande porte com lugar reservado nas lojas de games mais caras da sua cidade.
Principalmente quando se leva em consideração que o conteúdo fora das missões principais são bem decepcionantes. Há um modo treino, mas que serve apenar pra ficar com mais raiva ainda dos controles. Tem alguns desafios com cada veículo também que, bem, são desafiantes pelos motivos errados. Pra terminar, existe um modo arcade pra repetir as missões e tentar bater a sua própria pontuação.
Além disso, até dá pra rejogar cada uma das fases em um modo cooperativo em que duas pessoas devem controlar a mesma nave. Não cheguei a testar, mas pela dificuldade que é pilotar sozinho, tentar fazer isso a quatro mãos soa como um pesadelo.
Uma pena que um dos últimos jogos de relevância do Wii U acabe sendo a mediocridade que é Star Fox Zero. O fruto da parceria entre Platinum e Nintendo, com Miyamoto tendo uma mão no projeto, deveria ser bem melhor do que acabou sendo lançado nas prateleiras.
Não adianta quantos barrel rolls você faça, Star Fox Zero nunca vai alcançar as estrelas onde deveria estar. Em vez disso, o jogo segue um caminho sem volta pela escuridão do espaço, esperando uma nova tentativa futura pra voltar com tudo. Pena que agora não deu.
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