O Brasil ainda era uma colônia portuguesa e Tiradentes ainda sequer havia nascido quando a capoeira desembarcou por aqui em meados do século 17. Chegou em navios que traziam escravos africanos que a usavam como uma técnica de defesa pessoal. A arte, que combina música, dança e luta, ganhou mais personalidade e se desenvolveu, até virar uma das mais fortes expressões culturais do País.
Aos olhos do mundo, a capoeira começou a despertar interesse a partir dos anos 70, quando Estados Unidos e Europa passaram a "importar" mestres capoeiristas. Era um bilhete de ida sem volta. Em pouco tempo, a capoeira ganhou todas as regiões do planeta. Segundo relatório do Ministério das Relações Exteriores, existem 538 associações que promovem o ensino da capoeira em 72 países.
Falamos com três destes desbravadores. Nas próximas linhas, os mestres Sargento e Goioerê e o contramestre Pererê contam em que momento conheceram a capoeira, a escolheram como meio de vida e como foram parar fora do Brasil.
Mestre Sargento, 50 anos, em Lisboa (Portugal) desde 2000
"Engraçado que não me apaixonei pela capoeira de primeira. Acho que foi de terceira. Meus amigos faziam caratê e eu queria fazer também, mas meus pais me obrigaram a treinar capoeira. Foi meio forçado. Eu tinha 9 anos. Com o tempo, peguei gosto. Fui para Lisboa com intuito de fazer meu mestrado em educação física. Precisei dar aulas para me manter e bancar os estudos. Portugal é uma referência na capoeira e já envia mestres para ensinar em outros países. E a arte aqui é coisa séria. Não se dá aula sem um certificado federativo."
Mestre Goioerê, 51 anos, em Perth (Austrália) desde 2005
"A capoeira apareceu na minha vida quando eu tinha 6 anos, numa roda de rua em Goioerê, Paraná. Descobri muito cedo essa vocação para o esporte. Adorava correr. Levei uns dez anos para me tornar um craque na capoeira. A chance de ir para a Austrália surgiu em 2002, quando conheci um mestre que morava em Perth. Em 2005, aceitei o convite para tocar um projeto com crianças aborígenes. Dou aula pra 60 pessoas em média. Com exceção da minha esposa, filho e neto, todos os alunos são australianos. Eles valorizam muito a arte. Amam o Brasil por conta da capoeira. Hoje em dia é comum ver capoeiristas nas praças, ruas e praias daqui."
Contramestre Pererê, 34 anos, em Zillertal (Áustria) desde 2007
"Quando tive o primeiro contato com a capoeira, aos seis anos, o que mais me atraia eram a movimentação e os saltos. Meus amigos já praticavam, mas eu não podia porque minha mãe não curtia a ideia. Assim que completei dez anos ela cedeu e aí me matriculei numa academia. Em 2006 tive a primeira oportunidade de sair do país. Participei de uma audição promovida por uma rede asiática de hotéis e fui o único selecionado entre 12 candidatos. Em 2006 fui trabalhar no Egito e, mais tarde, na Turquia, sempre fazendo shows em hotéis. Em 2007 conheci a mãe das minhas filhas, que é austríaca, e acabei me mudando para a Áustria. Dou aula em escolas e academia. A capoeira tem crescido demais no país e eu faço parte dessa evolução."
Menino prodígio!
É muito provável que Arthur Fiu nem se lembre de como era a sua vida antes da capoeira. Filho de um mestre capoeirista, ele nasceu em meio ao som do berimbau. A dedicação pela arte era tanta que com apenas 10 anos de idade ele começou a dar aulas. Fiu e a capoeira foram feitos um para o outro, e é essa relação que o sétimo episódio da série Until 18 - O momento da decisão vai mostrar.
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Assista ao teaser de "Until 18 - o momento da decisão"
Como assistir
Until 18 pode ser assistida no site ou no app da Red Bull TV, disponível nas TVs Samsung e Sony BRAVIA, em aparelhos Blu-Ray, PlayStation®4 (PS4™), PlayStation®3 (PS3™), e Apple TV. O app também pode ser baixado nos sistemas operacionais Android, iOS e Windows Phone. O download ainda está disponível nos seguintes dispositivos: Amazon Fire TV, Kindle Fire, Nexus, Roku e Xbox 360.