Zona franca de Manaus (AM) tem 5 fábricas de bikes
© Fabio Piva
MTB

Como está o mercado da bicicleta no Brasil?

Veja o balanço das vendas de bikes no país em 2015 e qual é o perfil do ciclista brasileiro.
Escrito por Andre T.Piva
5 min de leituraPublicado em
Brasil é o 4º maior produtor de bikes do mundo

Brasil é o 4º maior produtor de bikes do mundo

© Fabio Piva

O setor de duas rodas no Brasil está cada vez mais sólido. Com mais maturidade para enfrentar a forte crise que se estende por todos os segmentos da economia, as montadoras instaladas no Polo Industrial de Manaus – PIM se organizaram e protagonizaram, ao longo dos últimos 12 meses, investimentos equilibrados e constantes em inovações tecnológicas.
O mercado da bicicleta no Brasil, de acordo com levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo, mostra que mesmo com a queda de produção e nas vendas de aproximadamente 10% relacionado ao ano de 2014, as grandes marcas nacionais continuam investindo no desenvolvimento de novos produtos e equipamentos, assim como o próprio maquinário das fábricas.
Uma recessão que impactou todos os mercados e a população, e o setor da bicicleta não foi diferente, apesar de sentirmos o apoio da sociedade civil e dos governos locais, com implementação da estrutura cicloviária e para o uso do produto.
"O ano foi muito diferente das nossas expectativas, sabíamos que seria um ano desafiador, mas acabou se tornando muito mais difícil. Uma recessão que impactou todos os mercados e a população, e o setor da bicicleta não foi diferente, apesar de sentirmos o apoio da sociedade civil e dos governos locais, com implementação da estrutura cicloviária e para o uso do produto, tendo em linha a questão da mobilidade e as preocupações com o meio ambiente", comentou Eduardo Musa, Presidente da Caloi e vice-presidente da Abraciclo.
"Foi mais um ano de queda no setor da bicicleta, ao redor de 10%, acho um número até pequeno, pouco comparado com outros setores industriais, muito disso neutralizado pelo aumento no uso da bicicleta como mobilidade urbana. Com isso estimamos fechar o ano (2015) com 3.6 milhões de unidades produzidas. Com relação as vendas temos registrado 3.3 milhões de unidades acumuladas até o agora," acrescenta a Musa.
Zona franca de Manaus (AM) tem 5 fábricas de bikes

Zona franca de Manaus (AM) tem 5 fábricas de bikes

© Fabio Piva

Os resultados, no entanto, não refletem exatamente a movimentação que acontece nos bastidores da indústria. A grande novidade do setor é o aumento do capacidade de produção de bikes com mais qualidade no Brasil. O segmento de Bicicletas ganhou a inserção de três novas associadas: Houston, Sense Bike e Ox Bike. As novas associadas possuem fábricas instaladas em Manaus e se juntam à Caloi, na entidade, para o desenvolvimento de um plano de atividades específico para o segmento.
A fábrica Ox Bike já se encontrava em operação no PIM desde o início desta década e em dezembro de 2014 teve seu controle adquirido pelo grupo Isapa, do empresário Isacco Douek, recebendo investimento adicional de R$ 5 milhões, com capacidade instalada permite a produção de 240 mil bicicletas por ano.
Tenho certeza que a bicicleta vai se tornar cada vez mais importante para o brasileiro, como lazer e esporte
"Tenho certeza que a bicicleta vai se tornar cada vez mais importante para o brasileiro, como lazer e esporte", comentou Isacco Duoek, da Isapa.
A Houston pertence ao grupo econômico do empresário João Claudino Jr., do Piauí, e é a segunda maior fabricante de bicicletas do País, com capacidade total de produção é de 400 mil unidades anuais. Desde janeiro deste ano a empresa produz em Manaus bicicletas com estruturas em aço carbono, alumínio e fibra de carbono das marcas Houston e Audax.
A Sense Bike é uma empresa do Grupo Lagoa, sediado em Belo Horizonte (MG) e dirigido por Henrique e Gustavo Ribeiro, focada principalmente na fabricação de bicicletas elétricas. O grupo foi fundado em 1981 e desde 2011 iniciou os estudos para produção de bicicletas elétricas, que começou julho de 2014, passando para produção também de bicicletas convencionais, no mesmo ano, atualmente com capacidade de 150 mil bicicletas anuais.
Nosso compromisso é fazer bicicletas cada vez melhores para os brasileiros.
"Não é um volume grande de produção, pois queremos fazer os produtos com cuidado. Nosso compromisso é fazer bicicletas cada vez melhores para os brasileiros", complementou Gustavo Ribeiro, do Grupo Lagoa.
A Caloi é a maior fabricante de bicicletas do Brasil e integra o grupo multinacional Dorel. Pelo grupo, também produz em Manaus as bicicletas das marcas GT, Cannondale, Mongoose e Schwinn, além de sua própria linha de produtos.
Montagem de bikes importadas

Montagem de bikes importadas

© Fabio Piva

Aliança Bike 

Outra entidade importante que controla o setor das bicicletas é a Aliança Bike, que reune as principais marcas importadas vendidas no Brasil, que têm um grande impacto no mercado em virtude do alto valor agregado dos equipamentos.
A diretoria da entidade foi consultada para essa reportagem, com intuito de revelar os reais resultados de vendas de bicicleta no Brasil, mas não não tivemos acesso as informações.

Mobilidade em alta

De acordo com uma pesquisa feita pelas organizações-não governamentais Observatório das Metrópoles e Transporte Ativo, a maioria dos ciclistas de dez regiões metropolitanas do Brasil usa a bicicleta como transporte, para ir ao trabalho (88,1%) e pedala cinco dias ou mais por semana (71,6%), conforme o estudo do Perfil do Ciclista Brasileiro.
A maioria dos ciclistas de dez regiões metropolitanas do Brasil usa a bicicleta como transporte, para ir ao trabalho (88,1%).
O levantamento revelou que 61,8% dos entrevistados usam a bicicleta como meio de transporte há menos de 5 anos e 26,4% dos ciclistas combinam o veículo com outro meio de transporte (ônibus e metrô). A maior parte (56,2%) leva entre 10 e 30 minutos em suas viagens, tem entre 25 e 34 anos de idade (34,3%) e renda entre um e dois salários mínimos (30%).
O trabalho indicou ainda que a principal motivação para começar a utilizar a bicicleta como modo de transporte urbano é a rapidez e praticidade (42,9%). Entre as capitais com o maior índice de utilização está Recife, com 89,6%, Rio de Janeiro com 81,2%, e Manaus com 77,8%. Entre os pesquisados, 34,6% apontam a educação no trânsito como principal problema no dia a dia. Metade dos entrevistados afirmou que mais infraestrutura cicloviária daria motivação para pedalar mais. A pesquisa ouviu 5000 ciclistas em 10 cidades Brasileiras. A faixa etaria que mais usa a bike são pessoas entre 25 e 34 anos.

Conclusão

Apesar dos resultados econômicos, o fato é que a bike está em alta no Brasil!
O brasileiro está ficando mais sábio na hora da compra de uma bicicleta, buscando por equipamentos que oferecem eficiência, rendimento e preço. O resultado é o crescimento do interesse em bicicletas especializadas, principalmente, no uso da mobilidade urbana, incentivado pelo aumento das estruturas urbanas para pedalar. Apesar dos resultados econômicos, o fato é que a bike está em alta no Brasil!