A 48.ª edição do icónico Rally Dakar aproxima-se rapidamente. Já é certo que os participantes irão encontrar várias inovações ao nível da organização e dos regulamentos. Embora os organizadores ainda não tenham revelado os pormenores do percurso, já são conhecidas as linhas gerais da prova e a sua extensão aproximada. Ninguém confirma exatamente por onde a caravana irá entrar, mas há algo que sabemos com toda a certeza: há locais onde não vai passar. Uma coisa é indiscutível — em 2026, este será o rally todo-o-terreno mais duro do calendário.
Entretanto, começam também a surgir confirmações de peso no lote de participantes. Gonçalo Guerreiro está oficialmente confirmado como piloto da Polaris no Rally Dakar 2026, depois de uma estreia de grande nível na edição de 2025, onde alcançou o segundo lugar na categoria Challenger. Aos 24 anos, o piloto português regressa à Arábia Saudita com ambições claras de lutar pela vitória na categoria SSV, agora num contexto ainda mais competitivo.
Após ter alinhado pela Red Bull Off-Road Junior Team na edição anterior, Guerreiro dá um passo decisivo na carreira ao integrar a estrutura SSV LOEB Fray Média Motorsport, liderada por Sébastien Loeb. Ao volante de um Polaris RZR Pro, representa um construtor que venceu a categoria SSV nas duas últimas edições do Dakar, reforçando as expectativas em torno do projeto
A experiência como aliada na luta pelos primeiros lugares
Ciente do grau de exigência do Rally Dakar, Gonçalo Guerreiro encara esta nova participação com uma bagagem competitiva muito mais sólida, apontando a experiência acumulada como um dos fatores decisivos para 2026. O piloto reconhece que a prova continua a ser um enorme desafio, tanto do ponto de vista físico como mental, mas é precisamente essa dureza que torna o Dakar único no panorama do todo-o-terreno.
Depois de uma estreia bem-sucedida, o objetivo passa agora por ir mais longe. Em 2025, alinhar à partida do rally já representava a concretização de um sonho; em 2026, o foco muda claramente para o desempenho. Com maior maturidade e conhecimento da prova, Guerreiro acredita ter agora as ferramentas necessárias para lutar por um resultado ainda mais ambicioso — e assumir-se como um sério candidato aos lugares do topo.
Do Rally Dakar 2026 já há certezas, há muitas perguntas em aberto e há também pistas que permitem antecipar o que aí vem. Conhecem-se datas, local e algumas decisões-chave, mas o percurso e vários detalhes continuam por revelar. Até lá, previsões e expectativas ajudam a preencher os espaços em branco de uma edição que promete ser extrema.
O que sabemos:
Sabemos que a 7.ª edição saudita do Dakar decorrerá entre 3 e 17 de janeiro. A caravana deverá percorrer cerca de 8.000 quilómetros, dos quais aproximadamente 5.000 serão cronometrados. O percurso terá um formato em circuito, com partida e chegada em Yanbu, levando os concorrentes a atravessar as regiões ocidental e central do país, incluindo as províncias de Al-Bahah, Aseer e Jizan, junto ao Mar Vermelho. Estas zonas caracterizam-se por terrenos montanhosos, vales extensos, leitos de rios secos e áreas de deserto pedregoso, com a particularidade de apresentarem vegetação natural rara na Arábia Saudita.
O que é que não sabemos:
Ainda não há confirmação do percurso completo do Rally Dakar 2026. O diretor da prova, David Castera, irá revelar mais detalhes numa conferência de imprensa marcada para o final de novembro. Até lá, só nos resta especular sobre o traçado exato da caravana.
Daniel Sanders percorre o deserto saudita a caminho da glória no Dakar
© Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool
Ainda não se sabe como o organizador vai distribuir os diferentes terrenos todo-o-terreno. A expectativa é que as grandes dunas sejam complementadas por trechos de deserto rochoso, estradas de gravilha e dunas menores, soltas e macias.
O que estamos a prever:
O nosso palpite é que o Rally Dakar 2026 será extremamente exigente. Em edições anteriores, David Castera mostrou gosto em desafiar até os melhores navegadores do deserto. A comunidade do rally antecipa que as etapas serão longas e tecnicamente complicadas.
Segundo o atleta Konrad Dąbrowski, 16.º classificado na geral do Dakar deste ano, “estamos a trocar informações e parece que a primeira secção será um aquecimento, relativamente simples. No passado, o início era muito duro e perigoso, com acidentes para alguns pilotos, mas agora supõe-se que seja diferente — pelo menos no arranque. Espera-se que as etapas seguintes sejam extremamente exigentes, com cerca de 400 quilómetros e grandes desafios de navegação. A tendência nos últimos anos tem sido clara: os percursos estão a ficar cada vez mais difíceis e raramente saímos das zonas mais complicadas de navegação. Parece que Castera quer reduzir a velocidade média, na esperança de aumentar a segurança.”
The 48-hour Chrono Stage meant camping out in tents after hundreds of KMs
© DPPI/Red Bull Content Pool
Acredita-se que as secções da maratona vão sofrer alterações em 2026. Nas edições anteriores, existiam dois formatos distintos: na 48 Chrono, os concorrentes terminavam o primeiro dia num bivouac improvisado, cumprindo horários rígidos, e após uma noite em condições espartanas seguiam para completar a etapa da maratona; na maratona clássica, todos chegavam a um único acampamento mais estruturado. Para esta edição, prevê-se que as etapas duplas sigam a lógica da maratona tradicional, mas com bivouacs inspirados no estilo do Chrono 48.